- Este texto faz parte da Monografia Áreas verdes urbanas: proposta de análise espacial comparativa em três cidades da Mesorregião Centro Ocidental Paranaense
Buscando uma definição do que seriam os parques urbanos, percebe-se imprecisão do seu significado, principalmente as decorrentes de sua extensão, se confundindo os parques com as praças e os jardins. Mesmo com todas as divergências, a maioria dos autores relaciona a presença das áreas verdes à busca do encontro com a Natureza e, consequente, fuga da agitação urbana.
Para esta pesquisa adotaremos as definições propostas por Kliass (1993) e Lima (1994) acrescentando a elas, análises da Geografia da Percepção defendida por Tuan (1983). Para Kliass (1993, p. 19) os parques urbanos são definidos como “espaços públicos com dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal, destinado à recreação”. Lima (1994, p.15), alarga a definição proposta por Kliass, relacionando o parque urbano, o interpretando como: “uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto com uma extensão maior que as praças e jardins públicos”. Para o autor, os espaços livres desempenham funções importantes em uma cidade, como, a estética, a social e a ecológica. Aqui chamamos a atenção para as contribuições ecológicas, pois à medida que os elementos naturais compõem esses espaços minimizam os impactos decorrentes da urbanização e da industrialização. É neste contexto que Bovo e Amorim (2009) destacam que a vegetação exerce uma influência positiva para a melhoria do clima urbano, na purificação e refrigeração do ar, no abrigo a fauna e favorece o reconhecimento de novos habitats para a maior variedade de espécies animais, na manutenção das propriedades de permeabilidade, fertilidade do solo, no amortecimento de ruídos etc.
Quanto à função estética, esta visa à integração entre os espaços construídos e os destinados à circulação, além da diversificação dos elementos que a compõem a paisagem urbana. Já a social, refere-se à oferta de espaços destinados ao lazer da população. É neste sentido, que os espaços livres de uso público merecem destaque, pois possibilitam o acesso livre a quaisquer pessoas. Desta forma, a garantia do uso e conservação dessas áreas livres é dever público e da coletividade urbana.
Na tentativa de propor políticas de planejamento mais humanizadas é importante perceber a relação dos indivíduos com o espaço a que co-existem. Nesta tentativa, Tuan (1983) defende que a autopercepção dos indivíduos é essencial na resolução de problemas sociais e ambientais. Tuan (1983, p. 151) acrescenta uma perspectiva de estudo a partir da percepção onde o “espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado” por parte das pessoas que o utilizam. Dessa forma um parque passa a ser parque na medida em que o sujeito o percebe como tal e imprime as características de uma sociedade.
Silva (2003) defende que estudos de percepção estejam presentes em temáticas pertinentes ao planejamento urbano. Nesta defesa ela cita os estudos realizados por Alves (1996), Lynch (1972) e Bladen & Karan (1982), no Rio de Janeiro, Estados Unidos e Índia, respectivamente, e relata que as relações existentes entre os moradores e seus espaços vivenciados (apropriação do espaço) podem influenciar na qualidade de vida das pessoas.
De fato, o planejamento deveria incluir nos seus planos e projetos os conceitos de uso e usuário, para a compreensão das percepções, isto é, que tipo de motivações, cognições e atitudes desencadeiam conflitos que comprometem a qualidade de vida no espaço urbano (SILVA, 2003, p.20).
Em suma, Silva (2003) ressalta que o planejamento urbano tem por finalidade democratizar o acesso das pessoas aos espaços urbanos e promover a “qualidade de vida pelo estabelecimento de normas de habilidade e de preservação do meio ambiente” (2003, p. 20). No entanto, pelo fato da cidade ser fragmentada, articulada e possuir organização espacial própria, ela defende que estudos de percepção podem colaborar para o entendimento da complexidade existente no espaço urbano.
O stress urbano se tornou cada vez mais evidente nas grandes cidades do mundo no pós – revolução industrial. Nesse contexto, as áreas verdes passam a desempenhar também o papel de amenizador dos efeitos do desgaste urbano e com o intuito de tornar os trabalhadores mais eficientes promovendo a rotulada “qualidade de vida”. No Brasil verifica-se que além destes fatores, estes espaços ajudam a reforçar a preocupação com a qualidade ambiental urbana e a qualidade de vida da população. As preocupações com o meio ambiente se tornam cada vez mais evidentes no cotidiano urbano, haja vista que os “espaços verdes” são cada vez mais procurados pela população.