Como fazer uma cidade sustentável?

Cidades sustentáveis são núcleos urbanos bem administrados e planejados com práticas eficientes voltadas a qualidade de vida dos moradores e do meio ambiente. Será um sonho possível?

A busca pelo desenvolvimento da cidade ideal, o sonho Éden da terra (fazendo uma referência ao Gênesis bíblico) é perseguido por várias sociedades. Se acentua essa busca em núcleos urbanos com urbanização desordenada e em ambientes altamente degradados. O exemplo mais conhecido é o do continente europeu no auge da revolução industrial é a busca por espaços verdes e áreas de lazer em suas insalubres áreas urbanizadas.

Série sustentabilidade

Cidades sustentáveis no Brasil

O Brasil, apesar de ter urbanização recente, enfrenta vários problemas de ocupação desordenada, desigualdade social, poluição e falta de saneamento. A urbanização se acentuou no Brasil no decorrer dos anos 1940. Segundo PORTES (2013) na década de 1940 a taxa de urbanização era de quase 30%. Em 1980 chegou a quase 70%.

Após a década de 1970 segundo o mesmo autor, o interior do Brasil começou a ser mais urbanizado. Isso ocorreu devido ao desenvolvimento de novas tecnologias na agricultura e da expansão agrícola no centro oeste e norte brasileiro. Infelizmente as cidades não estavam preparadas para receber o contingente populacional. Resultados desse fato, foram as ocupações desordenadas e grande parte dos problemas urbanos hoje amplamente discutidos no plano teórico e político.

Um dos mecanismos mais utilizados para amenizar estes problemas são os “grandes planos” e projetos de desenvolvimento nacional (Planos Diretores, Estatuto das cidades, Plano de Aceleração do Crescimento e outros). Alguns de sucesso, outros atolados no lamaçal de corrupção que atinge com força o cenário nacional.

Cidades sustentáveis pelo mundo

Apesar de ser praticamente utópico a existência de uma cidade “perfeitamente” sustentável existem bons exemplos pelo mundo. O site ThisBigCity.net citou em reportagem veiculada em 2013 cinco exemplos de cidades sustentáveis: Reykjavík (Islândia), Portland (Estados Unidos), Malmo (Suécia), Vancouver (Canadá) e Curitiba (Brasil). As principais características que levaram elas a ter destaque foram a mobilidade, preocupação com meio ambiente (existência de áreas verdes) e criatividade no uso de recursos naturais.

Calçadão em Curitiba. Foto: Rafael Pignataro/ Pixabay

Em 2010 a Comissão Europeia criou o prêmio Capital Verde da Europa que reconhece e premia boas práticas das cidades em busca de melhorias nos espaços urbanos. Já foram premiadas as cidades de: Estocolmo, Suécia (2010); Hamburgo, Alemanha (2011); Vitoria-Gasteiz, Espanha (2012); Nantes, França (2013); Copenhague, Dinamarca (2014); Bristol, Reino Unido (2015); Ljubljana, Slovenia (2016); Essen, Alemanha (2017).

Recentemente foi amplamente divulgado na mídia a construção da primeira cidade 100% sustentável do mundo. A “cidade da floresta” receberá 40 mil árvores e terá população de 30 mil pessoas. Será conectada à cidade de Liuzhou ocupando um terreno de 175 hectares com previsão de ser inaugurada em 2020. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto italiano Stefano Boeri e a cidade abrigará tudo o que uma cidade comum precisa ter, porém de forma sustentável.

Como deve ser a gestão de cidades sustentáveis?

A gestão de cidades sustentáveis, deve considerar a manutenção, conservação ou melhoria das cidades para as gerações futuras. Isso passa por novas formas de produzir e viver nos centros urbanos. Práticas como mobilidade urbana de qualidade, melhoria no saneamento, políticas de saúde e educação, reciclagem, consumo consciente, incentivo a inovação e cultura. Segundo o Laboratório de Sustentabilidade da Universidade de São Paulo a sustentabilidade deve se pautar em três pilares principais: aspectos econômicos, sociais e ambientais. Tais pilares devem ser trabalhados de forma integrada e adaptados a realidade do local/região em que será aplicado.

Entre os benefícios da aplicação destes pilares é, além da satisfação dos cidadãos, a criação de uma imagem positiva do país diante do mundo e a possibilidade da existência de ‘cidades sustentáveis’. Com uma cidade com ambiente de qualidade:

os trabalhadores produzem mais e melhor;
as atividades relacionadas a serviços ganham importância maior;
se reduz a criminalidade e os níveis de stress;
o ar fica mais puro;
aumenta a qualidade de vida;
as pessoas criam melhores laços afetivos com sua comunidade e muitos outros benefícios.

Engana-se quem pensa que é obrigação apenas do poder público a busca por cidades sustentáveis. O cidadão também é responsável por sua cidade pois ele vive e produz no espaço urbano e a forma como isso ocorre influência sua vida e o ambiente onde vive.