Ocorreram grandes revoluções nas ciências em geral nos períodos pós guerras. A Geografia foi um dos vários campos que passaram por intensos debates internos quanto aos objetos e objetivos de análise. A partir da década de 1970 a Geografia passou por grandes processos de renovação e as correntes críticas, principalmente de base marxista e fenomenológica, passaram a questionar a realidade social, propondo mudanças com a finalidade de promover a formação de uma sociedade mais igualitária e justa.
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A Geografia de influência marxista foi denominada de “crítica” frente aos ideais da nova geografia, assim como à realidade social e, foi denominada de “radical” no sentido de propor transformações na sociedade. Fundamentada em pressupostos marxistas, opõe-se à concepção idealista da história, elencando uma série de novos temas, chamados de categorias, que servirão à análise geográfica.
Assim sendo, surge uma nova interpretação do que seria a região. Segundo Carvalho (2002), no que diz respeito à esse conceito, uma nova geografia regional foi se estruturando a partir de então, primando pelos temas históricos e culturais. Ainda como conseqüência dessa leitura o conceito de região, a compreenção das contradições do espaço imposta pela concentração do capital, acabava resultando na maior diferenciação das áreas, acentuando, desta forma, o processo de regionalização.
Na perspectiva fenomenológica, acrescenta-se à Geografia a dimensão psicológica na análise espacial Geográfica. Carvalho (2002) destaca, no entanto que existem diferenças entre os distintos ramos da Geografia Fenomenológica a partir dos fundamentos filosóficos: Geografia Humanística e a da percepção ou do comportamento. A referida autora afirma que a Geografia Humanística, tem como fundamentos filosóficos a fenomenologia, a hermenêutica, o existencialismo e o idealismo, diferentemente das outras duas que têm como base de apoio o positivismo, portanto, mesmo que possam ser consideradas uma renovação, segundo ela, não podem ser inseridas na vertente crítica. Ainda merece destaque, que ao considerar os aspectos do espaço vivenciado essas outras duas correntes de pensamento acabam por construir muito mais um “pensamento romântico” privando aos interesses do indivíduo, do que propriamente uma ferramenta de transformação deste espaço.
Trabalhando a questão referente a conceituação de Espaço, merece destaque as conceituações de Santos (1988) afirmando que o espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço intermediados pelos objetos naturais e artificiais. sendo o Homem um ser ativo, no qual com o uso da tecnologia transforma esse espaço. Visão semelhante apresentada por Corrêa (1986) que utiliza o termo organização espacial na sua análise. O espaço é entendido como espaço social, vivido, em estreita correlação com a prática social.
No que se refere ao território Santos (2005) apud COSTA & ROCHA (2010) afirma que ele constitui-se como um todo complexo onde se tece uma trama de relações complementares e conflitantes. SANTOS (1988) propõe uma nova maneira de ver a região, entrelaçando fenômenos materiais e não materiais, envolvendo uma ampla gama de fenômenos sociais que ali existem e criam diferenciações.
A paisagem ganha uma nova abordagem aos olhos da fenomenologia, apresentando características subjetivas, como é o caso da interpretação de Corrêa (2003), que compreende como um produto da ação do homem ao longo do tempo constituída de valores, crenças e uma dimensão simbólica. Quanto a visão mais voltada ao Materialismo Histórico Dialético, cabe refletir a colocação de SANTOS (1988), onde é procurado diferenciar paisagem de espaço. SANTOS expôs sua ideia de complexidade do espaço e da possibilidade da leitura da paisagem como uma fotografia. Apesar dessa diferenciação, segundo ele a Paisagem unida ás relações sociais seriam as responsáveis pela formação do espaço geográfico.
O conceito de lugar aos olhos da fenomenologia é o conceito chave, compreendido com o espaço vivido. É onde a vida se realiza, está carregado de afetividade e significado, tendo foco nas relações entre o sujeito e o espaço. Ainda a respeito da concepção de lugar, dentro da geografia crítica, passou-se a valorizar mais as questões políticas e econômicas, principalmente nas vertentes próximas ao Marxismo, ao tratar do conflito de classes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- CARVALHO, Gisélia Lima. Região: A evolução de uma categoria de análise da Geografia. Boletim Goiano de Geografia, volume 22, n° 01, jan./jun. de 2002.
- CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática,1986.
- COSTA, Fábio Rodrigues da; ROCHA, Márcio Mendes. Geografia: Conceitos e paradigmas – apontamentos preliminares.Revista Geomae. V.1 N. 2, p 25-56, Jun-dez, 2010.
- MORAES, A.C.R. Geografia: pequena história crítica, 20a ed. São Paulo, Annablume, 2005.
- SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado, fundamentos Teórico e metodológico da geografia. Hucitec.São Paulo 1988.