Como pensar a interdisciplinaridade? Como trazer aulas diferenciadas que tenham utilidade para os alunos? Os desafios e questionamentos são constantes no cotidiano escolar. A professora Jacqueline Myanaki, estruturou sua dissertação de mestrado com base na proposição de uma prática didática com características interdisciplinares e multidisciplinares. A mesma, envolvendo Arte e Geografia foi elaborada e testada junto a um grupo de alunos de 6ª série no Estado de São Paulo.
A escolha do tema Paisagem, segundo Myanaki, ocorreu devido à polissemia do termo, o que permite uma abordagem conjunta de várias áreas do conhecimento. Nesse caso incluindo a Geografia e Educação artística. Participaram deste trabalho: 148 alunos, 10 professores com diferentes formações pertencentes a 7 instituições – escolas públicas, privadas e ONGs.
O trabalho envolveu a arte na seleção de quadros de artistas brasileiros, abordando a paisagem em duas dimensões e a Geografia com a inserção da percepção e o estudo da terceira dimensão da paisagem. Dessa forma buscando-se esclarecer a polissemia do conceito de Paisagem, tanto aos olhos do artista, quanto ao do Geógrafo, fazendo com que o aluno aprenda a pesquisar e a desenhar a paisagem além de compreender o “funcionamento” da mesma. Para a justificativa de seu trabalho Myanaki recorre a Geógrafos críticos tais como Lacoste, Claval e fenomenologistas como Tuan.
A pesquisadora desenvolveu a atividade em 3 escolas e, numa 2ª etapa apresentou e explicou a atividade a um grupo de 38 professores, sendo que 7 destes desenvolveram as atividades propostas. Seu método de trabalho compõe-se basicamente de duas etapas: Primeiramente, momentos de composição e apreciação da obra de arte e, posteriormente, momentos de observação e análise da paisagem representada, percebida e vivida.
Tomando as definições apresentadas pelos alunos como um todo, a pesquisadora percebeu a definição de Paisagem com sentido estritamente estético, com os alunos raramente os alunos se referindo à paisagem geográfica. Dessa forma, ela apontou a necessidade de desconstruir e organizar as idéias pré-concebidas dos alunos.
Como toda pesquisa, esta teve também suas peculiaridades e dificuldades. Ao fim de seu artigo Myanaki apontou a dificuldade em se avaliar e tabular esse tipo de proposta, ao mesmo tempo em que frisou a dificuldade dos alunos em expressarem por meio da escrita as percepções que os mesmos foram adquirindo no decorrer das atividades.
Uma das “peculiaridades” destacada pela autora foi a importância da atividade em habilitar ou treinar os alunos para análises de imagens mais elaboradas no estudo de Geografia (mapas, gráficos, plantas, croquis, etc.), além de se divulgar o trabalho dos artistas plásticos brasileiros.
REFERÊNCIA
MYANAKI, Jacqueline. Arte e geografia: uma experiência com o conceito de paisagem junto à alunos de 6ª série. Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção e Cognição do Meio Ambiente HOMENAGEANDO LÍVIA DE OLIVEIRA . Londrina 2005. p. 1-17.