Como já sabemos, a sistematização do conhecimento geográfico ocorreu no fim do século XIX na Alemanha com Ritter e Humboldt. A partir disso surgiram as duas primeiras escolas de pensamento da Geografia: o Determinismo e Possibilismo Geográfico. Estas duas Escolas realizaram papel fundamental na justificativa dos planos burgueses, na medida em que permitiam obter conhecimento sobre novos territórios e aquisição para matérias primas, assim como criar um sentimento de nacionalidade.
Segundo Carvalho (2002) é com Kant que a região aparece, pela primeira vez ligada à ideia de espaço geográfico. Com uma perspectiva marcante, o conceito de região natural, encontrou em Ratzel e La Blache seus maiores expoentes. Vidal de La Blache (1845-1918) defendeu a região enquanto entidade concreta, existente por si só. Aos geógrafos caberia delimitá-la e descrevê-la. Segundo ele, a Geografia definiria seu papel através da identificação das regiões da superfície terrestre. Nesta noção de região, acrescenta-se à presença dos elementos da natureza, caracterizadores da unidade e da individualidade, a presença do homem.
A partir deste momento, o ser humano passa a não ser somente passivo na paisagem regional, possuindo também possibilidades de se adaptar ao meio. Resultado: rapidamente este modo de enxergar o espaço geográfico tornou-se dominante. A grande crítica neste modelo de análise, no entanto continuou sendo o caráter “eminentemente descritivo, mantendo a tônica de todo o pensamento geográfico” (MORAES,2005).
O grande problema criado por esta maneira de entender os estudos geográficos foi o fortalecimento da dicotomia Homem X Natureza. A solução encontrada, conforme elencado por Carvalho (2002), foi a criação de uma Geografia regional capaz de dar unidade à ciência. Esse novo desdobramento levou ao denominado por Corrêa como Método Regional, tendo como expoentes: A. Hetter e Hartshorne.
Estes, segundo Carvalho (2002) fortemente influenciados pelo Neokantismo, considerou necessário discutir a temática sobre as ciências nomotéticas, e idiográficas. Desta maneira buscando à volta da interpretação de uma ciência una e de síntese. A proposta do Método Regional considera o conceito de região como ligado à diferenciação espacial, assim como a associação dos fenômenos heterogêneos numa área (região). Mas surgiu um problema: como ocorrem a interpretação destes espaços? A solução apontada por eles foi a busca pela combinação de elementos físicos e humanos.
No entanto, esta teoria também tinha seu “calcanhar de Aquiles” que foi bastante explorado pelos geógrafos críticos. Lacoste apud Carvalho (2002) afirma que para este autor (Hartshorne) este conceito constrói os “geografismos” e “nega, a nível do discurso, os problemas que colocam a espacialidade diferencial”.
Com relação ao conceito de espaço, ele aparece na Geografia desde a Antiguidade e se fortalece com Kant no século XVII baseado na idéia de condição de ocorrência dos fenômenos. Na Geografia tradicional tem como maior expoente o alemão Friedrich Ratzel com a conceituação de Espaço Vital.
A palavra Território vem do latim, sendo derivada do vocábulo Terra e é ligado a idéia de poder, quer se faça referência ao poder público, estatal, quer ao poder das grandes empresas. Voltando as idéias de Ratzel é visível a preocupação do autor para com o aproveitamento do Território por parte do Estado.
Ele é revestido das dimensões política e afetiva. É delimitado, controlado e monitorado por relações sociais, constituindo-se num todo complexo, onde se tece uma trama de relações complementares e conflitantes. O território são formas, mas o território usado são objetos e ações, sinônimo de espaço humano, espaço habitado. Deve-se ligar a idéia de território à idéia de poder, quer se faça referência ao poder público, estatal, quer ao poder das grandes empresas. Na geografia tradicional conforme Moraes (2005) esse conceito ganha destaque com La Blache ao se criar o conceito de gênero de vida, onde a partir de trocas mútuas com a natureza o homem cria possibilidades para o desenvolvimento de suas atividades.
Por fim, o conceito de lugar, dentro da geografia tradicional, foi definido segundo COSTA & ROCHA (2010) de acordo com as características naturais e culturais próprias de uma determinada área. Estava ligado à noção de localização e à individualidade das parcelas do espaço. Como resultado das várias críticas recebidas, as correntes geográficas tradicionalistas passaram, a partir de então, para uma fase de renovação de seu método e de suas concepções de ciência e de ver o mundo.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- CARVALHO, Gisélia Lima. Região: A evolução de uma categoria de análise da Geografia. Boletim Goiano de Geografia, volume 22, n° 01, jan./jun. de 2002.
- CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática,1986.
- COSTA, Fábio Rodrigues da; ROCHA, Márcio Mendes. Geografia: Conceitos e paradigmas – apontamentos preliminares. Revista Geomae. V.1 N. 2, p 25-56, Jun-dez, 2010.
- MORAES, A.C.R. Geografia: pequena história crítica, 20a ed. São Paulo, Annablume, 2005.
- SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado, fundamentos Teórico e metodológico da geografia. Hucitec.São Paulo 1988.